sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Discurso mudo

Descobri o quanto sou ruim com as palavras. Sabia que queria ouvi-las. Sentia o que queria ouvir, mas não conseguia falá-las. Talvez no não pronunciado, no não dito, no meu silêncio, você, de alguma forma, consiga escutá-las. Talvez não. Talvez meu silêncio não fale tanto quanto eu gostaria que ele falasse, talvez meu silêncio não discurse, silencie apenas. E, além da minha boca, meu corpo se cale, minha mão não escreva, meus olhos não olhem, meu sorriso não signifique, tudo silencie, emudeça,cale. Ou talvez você não os entenda e precise das sonoridades. Ou, quem sabe, você até os entenda, mas queira mais que um discurso mudo, queira que minha boca também se movimente, que não se acovarde e se abra com palavras, com as devidas e sentidas palavras. Elas, no entanto, teimam em não sair, em se esconder, em se calar, em me calar.
Talvez um dia eu as profira, por enquanto, espero, calada, que meu coração as fale, te fale. Já que este, diferente de mim, calado não está.

Um comentário:

Anônimo disse...

Li tudo... muito, muito, muito bom...

Prometa-me uma coisa e repita comigo: Nunca mais vou dizer que não escrevo bem.

Prometeu?

obrigada...

Lindo... lindo mesmo..
Linda, linda mesmo, em todos os sentidos.