segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Um domingo. Um abraço. Uma história.

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Parecia que aquela cena de todo domingo se repetia. Ela abria o portão e o deixava sair, mas, ao contrário das outras vezes, ele não estava saindo as 17h30, era cedo ainda, e ele nem ela estavam com a saudade que sempre ficavam. Ela chorava. Ele estava com raiva, estava magoado.
Ia terminar. Acabar. Estava desmoronando. Ela sabia disso, por isso chorava. Também sabia que a culpa era dela e também chorava por isso. Sabia que era ela a culpada, no entanto, não tinha forças para impedir que ele fosse embora, não tinha forças para reagir, só chorava...
O portão já estava aberto, ele se encaminhava pro carro, ela, encostada no pilar da garagem, o via ir, queria impedir, mas não sabia como... É... era o fim.
Então ele parou. E voltou. E então: o abraço.
Não qualquer abraço, AQUELE abraço.
Ele a abraçou fortemente, envolveu-a nos seus braços quentes. Ela deitou a cabeça no seu peito, chorando ainda, molhando-o. Ele continuava abraçando-a, ela também o abraçava. Ficaram ali, em silêncio, abraçados.
As mágoas aos poucos iam sendo esquecidas. Ele a perdoava, ela sabia. Naquele abraço eles, ele e ela, viram, mais uma vez, como se completavam. O abraço reconciliava, era reconfortante, sarava, curava.
Permaneciam em silêncio, apenas abraçados. Permaneceram ali durante alguns minutos. Nem ela nem ele sabiam quantos, mas isso não importava. Ela estava no melhor lugar do mundo, nos braços dele.
Depois, ele a beijou no rosto e ainda sem dar uma palavra - naquele silêncio que fala muito mais do que qualquer palavra - ela fechou o portão. Ele e ela de mãos dadas entraram em casa, voltaram. Foram até a cozinha, ele bebeu água, depois foram para a sala. A TV desta vez não foi ligada. Sentaram-se no sofá, ela encostando a cabeça no peito dele, estavam quase deitados – naquela posição preguiçosa que se senta no sofá- ainda de mãos dadas. Com a outra mão ele acariciava os cabelos dela e ela a barba dele. Ficaram ali, ainda em silêncio. Não queriam falar, não precisavam falar, então, aos poucos, adormeceram.
Não dormiram por muito tempo, foi mais um cochilo, mas ela gostou de está ali, ele também gostou. Então ela acordou e em seguida ele, os rostos estavam perto, as bocas também, e foram ficando mais próximas, mais próximas e mais...

[...]

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