domingo, 28 de setembro de 2008

Joadi.

Foto: Daianna Medeiros
Os pés inchados, calejados,
Caminham pra me encontrar,
Vagaroso caminhar

As marcas visíveis
Não tiram o belo
Do belo olhar

Um sorriso juvenil
No rosto envelhecido
Põe-se a brotar

E os braços já cansados
Trazem aquele velho abraço
Abraço familiar

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Abraço


Espaço apertado
Em que os olhos fecham-se
Os corações tocam-se
E tocam
Batidas de amor

Onde tudo faz sentido
Onde o tudo é tudo aquilo
E só aquilo

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pedido

Por que você não dorme?
Dorme um pouquinho, fica quietinho... Pára um minuto.
Dorme. Dorme pra eu dormir. Dormir e sonhar.
Dorme pra que eu possa acordar.
E, quando isso acontecer, eu possa ver o sol brilhando e achá-lo belo, achar o belo, ao invez de só notar a claridade que me diz que amanhã já é hoje e que o que era pra hoje ainda não está pronto.
Dorme pra eu poder enxergar a beleza do verde ao lado, ver o azul celeste do céu de primavera e ouvir o canto dos passarinhos que fazem ninho no meu quintal.
Silencia. Não quero o seu barulho rotineiro, aquele dos ponteiros, que me avisa que você não dormiu e ofusca qualquer melodia que a lavandeira tenta cantarolar.
.
.
Psiu...
"Será que ele me ouviu?..."

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

sorriso desconhecido


Um sorriso desconhecido me chamou atenção. Era largo e bonito, aberto ao acaso.
Lembrou-me os tempos de escola, os sorrisos largos que dávamos quando algum motorista cordial parava pra gente atravessar a rua rumo a parada.
Parece que eram tempos despreocupados, OU NÃO, como diz uma amiga minha, mas... Sei lá, a cabeça era menos cheia... Ainda dava tempo de ir ao cinema e os sorrisos ao acaso eram mais freqüentes...

Acho que o brilho da juventude, tão comentado pelos mais velhos, está, em grande parte, nesses risos despreocupados, dados pro nada, abertos por nada ou por pouca coisa... Risos que, aos poucos, vão se perdendo... parece que falta tempo... até pra sorrir.
.
E o sorriso conhecido da menina, aquele velho amigo, parece mais cansado, mais distante... já não é tão conhecido...
.
Será desconhecido um dia?
.
[...]
[Espero que não.]

domingo, 7 de setembro de 2008

Sorrisos. Só risos.

Ao meu Vinho,
o motivo do meu riso.
[...]

E ela riu. O mais apaixonado dos sorrisos apareceu em seu rosto enquanto escutava ele falando com a voz dela. Ela riu, riu com a boca, com os olhos, com o coração. Riu como se estivesse escutando a mais linda canção de amor e, de certa forma, estava. Não era uma canção, mas era um soneto, um soneto feito para ela, um soneto de amor, do seu amor.

E ela ri. Ri enquanto escreve e se lembra dele. Ri em ver na mente o sorriso dele, o brilho dos seus olhos. Ri porque ama. Ri porque é amada. Ri porque é apaixonada. Ri porque simplesmente não consegue parar, porque o sorriso teima em continuar no seu rosto. Ri. Mostra o sorriso bonito da moça. Ri pra todo mundo, pra quem quiser ver. Ri o tempo todo.

E ela ri, sorri, só ri.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Caderno


Mais uma vez aqui, em frente a esse mundo de possibilidades: um papel em branco.
Em outras épocas estaria cheio de desenhos, atualmente, o preencho com palavras, às vezes doces, outras vezes amargas, reflexos do meu cotidiano, dos pensamentos que tantas vezes foram tão bem guardados, outras vezes, apenas exprimidos em traços, poucos, muitos, sujos e até belos traços, rápidos, descontínuos, imprecisos traços...
Preencho hoje com palavras que um dia receei em escrever, por não querer me ver nelas em muitos casos... Esse receio volta de vez em quando, mais vezes do que eu gostaria. E vem com fundamentos, por isso as temo tanto...
Ao mesmo tempo, quando preencho esse universo, vejo melhor o meu pois, por mais rabiscado que ele esteja, é mais fácil apagar os rabiscos quando se consegue enxergá-los.
Assim, vou preenchendo esse mundo e me encontrando por aqui, entre as caligrafias limpas, borradas e até confusas... Elas, entretanto, não me esgotam, sou mais que elas... Mas, um pouquinho de mim se acha aqui, nesse universo enigmático, que visito de vez em quando o tornando menos branco, o manchando de mim.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Diário de bordo


Estávamos andando pela praia.
Tínhamos feito aquele velho esquema, eu saí de casa, peguei o 33A depois de uma longa espera, dei um toque: “tô no ônibus.”, nos encontramos no shopping, outro ônibus... Na viagem: conversas, risos, mais conversas...
Descemos e, alegres, nos encaminhamos para a praia...
Na ladeira do Guaraná, em meio aos risos, aquele sorriso: praia!

Estávamos andando por ela, com o sorriso no rosto, conversando e admirando aquele cenário tão gostoso e tão familiar...

Uma voz ao fundo:
-Então você liga a caixa de descarga ao tubo de ventilação... que vai... caixa de inspeção...

Olhei o relógio.
Diário de bordo: 10h25: aula de instalações. Segunda-Feira.